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Foto do escritorRedação

“Amigo” queria viver, pois descobriu que tinha pessoas dando amor e lutando por ele

Atualizado: 11 de jul. de 2023


Por Tatiane Slanzon,

voluntária da causa animal


Conheci o “Amigo” no mês de março. Foi abandonado em frente à casa que morava. Já não era cuidado e estava com uma corrente no pescoço amarrada com arame. Foi então que tirei aquela corrente e comecei a cuidar dele com ajuda de pessoas que também ficaram comovidas com a sua situação.


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Na semana em que me mudei de bairro, percebi que estava triste e não queria sair da casinha nem para comer. Foi aí que a Viviane Corina, voluntária que ajudava a cuidar dele, notou que estava abatido.


Além da tristeza do abandono, notamos que também estava com sintomas de cinomose. Tudo aconteceu bem rápido. Tiramos ele da rua, passou a comer ração de filhote, tomar as medicações e vitaminas. Fizemos o teste e deu positivo para a doença.


A partir daquele momento a luta foi muito grande. Enquanto estava de pé e comendo tínhamos a certeza que iria se recuperar. Demonstrava uma vontade imensa de viver, pois descobriu que tinha pessoas dando amor e lutando com ele.


Mas aí parece que o organismo dele não respondia mais ao tratamento e começou a bambear as pernas. Fazia as necessidades com muita dificuldade, se equilibrando, tanto que teve dias de precisar dar apoio com uma toalha para se manter de pé. E ele lutava pela sobrevivência. Via isso nos olhos dele.


Depois surgiu a dificuldade em comer ração e começamos a fazer comida. Chegamos num estágio onde já não andava, fazia suas necessidades onde dormia e, nós, protetoras, nos revezávamos para “Amigo” ser cuidado durante o decorrer do dia. Ele tentava levantar, mas não conseguia. Na última fase da doença, só se alimentava com uma seringa na boca. Tinha dias que era muito fácil dar os remédios e a comida, mas tinha dias que ele estava cansado e desanimado... tremendo.


No último dia de vida “Amigo” acordou bem disposto e até estava levantando a cabeça. Comeu bastante papazinho, tomou sua água de coco - ele amava água de coco. Na hora do almoço a Érica Falvo, outra voluntária que o ajudava, achou ele tremendo e com a boca travada. Corri lá ver como estava, mas parece que nem me reconhecia mais. Estava tremendo e com os olhos fundos. Corri com ele para uma clínica veterinária, mas não havia mais nada a fazer. Segurando as patas dele tive que me despedir.


A cinomose é uma doença altamente perigosa e destrutiva. Começa com sintomas leves e vai piorando a cada dia. Quem dera se todo o trabalho do cuidado viesse na forma de recompensa, com a saúde do animal de volta. Mas são poucos os que conseguem se salvar. Se não mata, deixa sequelas para o resto da vida”

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