Como as cidades devem se preparar para eventos extremos provocados pelo aquecimento global
- Redação
- 9 de mai. de 2024
- 3 min de leitura

Relatório atualizado no final da tarde de ontem (8) sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, com dados da Defesa Civil, informa que 425 municípios foram afetados, o que corresponde a 85,5% das 497 cidades gaúchas, com 67.428 pessoas em abrigos, 163.786 desalojados e 1.476.170 pessoas afetadas. Além disso, há 374 feridos, 130 desaparecidos e 100 óbitos confirmados. O documento lista os municípios mais impactados, como Bento Gonçalves, Cruzeiro do Sul, Gramado, Lajeado e Caxias do Sul.
Artigo publicado pelo cientista Fernando Alcoforado, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, aponta a necessidade dos municípios se prepararem para catástrofes como a do Rio Grande do Sul com o intuito de minimizar os impactos nas localidades.
Aquecimento global e mudanças climáticas
As inundações estão diretamente relacionadas ao aquecimento global por conta das mudanças climáticas que ele provoca. O aumento da temperatura média do planeta resulta no efeito estufa, que intensifica a ocorrência de eventos climáticos extremos, como chuvas intensas e inundações. Com o aquecimento global, a atmosfera retém mais umidade, resultando em nuvens de chuva mais densas e liberando mais água.
Danos das inundações
Os impactos das inundações nas cidades são significativos e variados. Elas causam danos materiais, colocam em risco a vida de seres humanos e outros seres vivos, causam erosão do solo, poluem habitats naturais, comprometem o tráfego de veículos, interferem na drenagem e no uso econômico da terra, danificam estruturas como pontes e sistemas de esgoto, prejudicam a navegação por água e a energia hidrelétrica, entre outros.
Além disso, as inundações resultam em perdas financeiras consideráveis, com custos sociais e econômicos crescentes ao longo das décadas. Estima-se que desastres relacionados à água representem 90% de todos os desastres em termos de pessoas afetadas globalmente. As perdas econômicas anuais devido a inundações são da ordem de milhões de dólares, e os desastres naturais relacionados à água causaram perdas mundiais de bilhões de dólares até o momento.
Planejamento urbano
Portanto, é fundamental que as cidades se preparem adequadamente para enfrentar eventos climáticos extremos, como inundações, por meio de um planejamento urbano sustentável e de medidas de adaptação e mitigação.
Para promover o planejamento urbano sustentável diante de eventos climáticos extremos, algumas medidas práticas podem ser adotadas. Aqui estão algumas sugestões:
Implementação de infraestruturas verdes: Introdução de áreas verdes, parques, jardins e telhados verdes para absorver a água da chuva, reduzir o escoamento superficial e minimizar inundações.
Zoneamento adequado: Definição de zonas de risco e restrições de construção em áreas propensas a inundações para evitar danos materiais e proteger vidas 6.
Melhoria do sistema de drenagem: Investimento em sistemas de drenagem eficientes, como bueiros, canais e reservatórios, para gerenciar o escoamento da água da chuva e prevenir inundações.
Uso de pavimentos permeáveis: Utilização de materiais permeáveis na pavimentação de ruas e calçadas para permitir a infiltração da água no solo e reduzir o volume de água superficial.
Construção de piscinas de retenção: Criação de grandes piscinas (piscinões) para armazenar água da chuva e minimizar inundações em áreas urbanas.
Gestão de córregos e rios: Investimento na manutenção e ampliação de córregos e rios urbanos para atuar como barreiras de contenção e evitar transbordamentos.
Revisão do uso da terra: Planejamento contínuo do uso do solo urbano para garantir a ocupação adequada e segura das áreas vulneráveis a inundações.
Elaboração de planos de contingência: Desenvolvimento de planos de ação para lidar com a ocorrência de inundações e outros eventos climáticos extremos, incluindo a construção de reservatórios para armazenar água e seu uso para fins não potáveis.
Essas medidas estruturais e não estruturais são essenciais para minimizar os impactos das inundações e promover cidades mais resilientes e sustentáveis diante de eventos climáticos extremos.
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