“A saúde mental precisa ser cuidada o ano inteiro”, destacou Paulo Simões em evento do "Setembro Amarelo"
- Redação
- há 4 horas
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“Quando o silêncio grita, compreendendo a dor” foi o tema escolhido pelo professor e psicólogo Paulo Roberto Simões para demonstrar a necessidade da sociedade buscar meios para lidar com um assunto tão delicado como o suicídio. A palestra foi realizada ontem (24), na sede do Poder Legislativo local, como parte da campanha municipal Setembro Amarelo, que busca mobilizar a comunidade em defesa da valorização da vida.
Assista a íntegra:
"Se precisar, peça ajuda"
Logo no início, Paulo relembrou a origem do movimento: “Essa história começou nos Estados Unidos, na cidade de Colorado, em 1994, onde um jovem (Mike Emme), aos 17 anos, tirou sua própria vida. Ele tinha acabado de comprar um Mustang amarelo. Os pais não entendiam os motivos que o levaram a isso, pois era um garoto jovem, feliz, brincalhão.... E surgiu a culpa de não ter percebido e podido evitar. No dia do velório dele, os amigos começaram a distribuir bilhetinhos com a mensagem: "Se precisar, peça ajuda". Foram entregues junto com uma fitinha amarela em homenagem ao carro que ele tinha comprado".
O palestrante destacou, contudo, que a busca pela conscientização não deve se restringir a uma data: “A saúde mental precisa ser cuidada o ano inteiro”.
Diálogo, acolhimento e atendimento profissional
Paulo apontou três pilares para enfrentar o sofrimento emocional: “O primeiro passo é oferecer um espaço de diálogo, que é você ouvir sem julgamento. [...] Segundo passo, encaminhar para um profissional da saúde mental. [...] E em terceiro lugar, acolhimento. Acolher é você estar do lado da pessoa. Eu estou aqui. Não importa o que você fez, não importa se você errou, eu estou do seu lado. A gente tá junto”.
Quando e onde procurar apoio
Paulo também chamou atenção para a chamada “dor invisível”, muitas vezes disfarçada por sorrisos ou aparente normalidade: “O que mais dói não é o que vivemos, mas quando esquecemos quem somos e o que já superamos”. Mencionando dados oficiais, revelou que a cada 45 segundos ocorre uma tentativa de suicídio. Diante disso, ressaltou a necessidade de não esperar o problema se agravar para buscar ajuda: “Toda fogueira começa de um palito de fósforo; não espere colapsar para procurar apoio”. Ele lembrou que existem serviços gratuitos como o Centro de Valorização da Vida (CVV) e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), além de atendimentos em universidades da região.
Riscos da tecnologia
O palestrante também alertou sobre os riscos do uso excessivo das telas e da exposição de crianças e adolescentes ao ambiente virtual sem acompanhamento. “Uma criança com 5 anos deveria ser proibida [de usar celular]. É a mesma coisa de você dar um cigarro, maconha ou qualquer outra droga. Para quem deixa o seu filho dentro de casa com o celular na mão e acha que ele está seguro... (mas) é a mesma coisa que você chegar na Avenida Paulista, de São Paulo, e deixar seu filho na esquina. Porque a internet é terra de ninguém”.
Música como reflexão e como inspiração
O Palestrante recorreu à música como recurso de reflexão. Ele citou canções da banda de rock Legião Urbana (reproduzidas no evento), lembrando que, apesar de muito conhecidas, muitas vezes não se presta atenção ao que suas letras realmente dizem. “Porque muitos de nós já ouvimos inúmeras vezes, mas essa música fala de suicídio. E, de agora em diante, quando vocês ouvirem, vão parar para prestar atenção na letra”, explicou. Mais adiante, convidou os participantes a ouvirem também “O Que É, O Que É?”, de Gonzaguinha, como inspiração para pensar sobre a beleza e os desafios da vida.
Dor escondida
Paulo, que atuou como professor por cerca de 20 anos em Motuca, deixou uma mensagem de superação ao público que prestigiou o evento:
"Quero convidar cada um de vocês a refletirem, de hoje em diante, sobre a importância de responder com sinceridade quando alguém perguntar como está. Se estiver bem, ótimo. Se não estiver, diga: ‘Hoje não estou legal, mas vai melhorar’. Essa é uma forma de enfrentarmos nossos desafios... quando falamos em dor escondida”.
Veja fotos do evento (Reprodução)
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