Titubiei, mas dancei... e gostei
- Irineu Ferreira

- 13 de jun.
- 2 min de leitura
Por Irineu Ferreira
Passei por um período difícil de depressão. Estou melhor, mas ainda enfrento crises. Como a dança ajuda no tratamento, pois é um excelente exercício físico, minha família me sugeriu que eu participasse, sem compromisso, nos JOMI (Jogos da melhor Idade). Confesso que a ideia me assustou. Recebi o convite de integrantes do grupo e do professor Henrique, que foi de uma paciência incrível comigo - ciente de minhas dificuldades. Minha cunhada Isis, que já dançava, me convenceu. E lá fui eu, mesmo cheio de dúvidas. Os ensaios foram intensos, com menos de um mês para preparar a coreografia. O professor foi excelente. E treinei muito em casa. Porém, na véspera da apresentação, o pânico bateu. Quis desistir. Não vou mais, acabou! Todo mundo ficou surpreso — recebi ligações, mensagens... até do professor, que me encorajou definitivamente. Titubiei, mas dancei... e gostei!
A dança como terapia
Sempre gostei de dançar, mas era algo livre, sem regras ou contagem de passos. Dançava em festas, em casa... só por diversão. Quando me sugeriram os JOMI, vi ali uma chance de resgatar essa alegria. A dança, parte dos Jogos da Melhor Idade, não é somente sobre competição, mas também sobre cuidar da mente e do corpo. E foi exatamente isso que encontrei. Me diverti com alguns rítmos apresentados no evento. Nosso grupo era pequeno, apenas 12 pessoas, número obrigatório para participar. Concorremos com cidades maiores e mais preparadas. Mas não estávamos lá por medalhas — era pela experiência... pelo desafio. E que desafio! Exigiu concentração, memorização e muito esforço físico. No final, ficamos em quinto lugar entre 17 ou 18 municípios. O verdadeiro prêmio, contudo, foi perceber o quanto aquilo me fez bem.
O apoio que faz a diferença
A viagem para Barretos foi marcante. Tivemos o apoio da Prefeitura, dos cuidadores e de pessoas especiais, como a Amanda, a Jô e a Rosa, que dedicam suas vidas a cuidar da terceira idade. Foi um ambiente acolhedor, onde me senti parte de algo maior. E os benefícios foram além da dança. A coreografia me obrigou a exercitar a mente, a me concentrar e a superar meus limites. Voltei com a sensação de que havia cumprido uma missão — não só para mim, mas para todos que acreditaram em mim.
E agora?
Ainda há dúvidas sobre o futuro. Será que repito a experiência? Não sei. Mas uma coisa é certa: a dança ficou. Quero continuar, mesmo que seja aos poucos, porque me traz prazer e ajuda na minha recuperação. E para quem está na terceira idade e pensa em participar de algo assim, meu conselho é: vá! Os JOMI oferecem muito mais que passos — é uma chance de se reconectar com a vida.
No fim, titubeei, mas dancei... e adorei. E quem sabe não volto ano que vem para outra coreografia?
Coreografia do grupo de Motuca nos Jogos da Melhor Idade (JOMI).




Que texto gostoso de ler!
Me peguei sorrindo em vários momentos, porque é exatamente assim que muitos de nós vivemos nossas experiências: entre o medo de se expor e o desejo de se permitir. Titubiar faz parte, né? O bonito é perceber que, mesmo com insegurança, ainda assim podemos escolher viver, dançar, no caso. Como psicólogo, vejo muita gente travada pelo medo do julgamento ou de errar, e esse relato mostra que o primeiro passo não precisa ser perfeito, só precisa acontecer.
Parabéns pelo texto sensível e inspirador. Me lembrou da importância de celebrar nossas pequenas ousadias do dia a dia!