
Há 32 anos, com forte desejo da população e com grande influência da usina Santa Luiza, Motuca emancipou-se de Araraquara e tornou-se município. Em 9 de janeiro de 1990 a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo votou favoravelmente à reivindicação de 1.121 moradores, que em 5 de novembro de 1989 , por meio de plebiscito, votaram “sim” pela emancipação, contra apenas 30, que votaram “não”, de acordo com o livro “Sertanejos, estrangeiros, forasteiros. Dos primeiros boiadeiros à emancipação política de Motuca”, lançado em janeiro do ano passado pela colaboradora do Cenário, a jornalista Gabriela Marques.
Lei municipal alterou a comemoração da data de para 20 de janeiro, coincidindo com o Dia do Padroeiro, São Sebastião.

A partir de 1993 o município passa a ser administrado por políticos eleitos pelos próprios moradores. Já são oito governos diferentes administrados por seis prefeitos (Rui Pinotti, Mateus Voltarel (Assumiu), Emilio Fortes (2 vezes), Hamilton Falvo, João Ricardo Fascineli (3 veze) e Celso Teixeira Assumpção Neto).
Mas a história de Motuca começou há mais de 100 anos. Um pequeno povoado já existia na Sesmaria do Simão, de propriedade pertencente à fazendeira Hermínia Vieira Borba Moura, membro da família do bandeirante paulista Borba Gato, quando a Companhia Paulista decidiu construir um ramal férreo e uma estação de trem, inaugurada em 1º de fevereiro de 1893. A partir daí, iniciou-se um desenvolvimento gradativo da localidade.

No decorrer dos anos, Motuca foi destino de muitos imigrantes, atraídos por suas terras férteis, como italianos, portugueses, que viriam a se tornar os principais donos de propriedades da localidade, além dos japoneses, que em 1915 fundaram a primeira colônia particular do Brasil, denominada Núcleo Colonial Tokyo, que permaneceu ativa até 1968, quando foi extinta em decorrência, entre outros motivos, de surto de doenças como a malária e o esgotamento natural das terras, já que naquela época não existiam fertilizantes.

Em 1985, a cidade cresceu em termos populacionais com a criação de Assentamentos Rurais voltados à reforma agrária na Fazenda Monte Alegre. Os moradores de Motuca também foram formados por nordestinos e mineiros, atraídos pelo trabalho na usina Santa Luiza.
Usina
Fundada em 1958, a usina Santa Luiza representou o principal marco econômico de Motuca, gerando emprego e renda para os moradores, até sua paralisação em dez de dezembro de 2007, por decisão do grupo formado pelas usinas São Martinho, Santa Cruz e a Cosan (atual Raízen), que haviam adquirido a indústria junto à família Malzoni em abril do mesmo ano.
Constituição de 1988 foi decisiva para emancipação política de Motuca
A promulgação da Constituição Brasileira em 1988, elaborada no período de transição do governo militar para a democracia, promoveu a descentralização federativa e proporcionou maior autonomia aos estados, que passaram a elaborar suas próprias leis para a criação de novos municípios.
Diante disso, a Constituição foi um fator decisivo para a efetivação da proposta de emancipação construída pelo Grupo Comunitário de Trabalho, formado por funcionários da usina Santa Luiza e moradores de Motuca. A informação está no livro lançado pela jornalista Gabriela Marques Luiz, em janeiro do ano passado.
De acordo com apuração da autora a partir de entrevistas com personalidades que participaram do processo de emancipação e de documentos da época, a iniciativa barrava na exigência de uma lei federal a partir da qual somente localidades com mais de 10 mil habitantes poderiam se emancipar, mesmo o então distrito (por causa dos recursos da usina Santa Luiza) gerando em 1987 a quarta maior receita de Araraquara, atrás apenas das empresas Cutrale, Lupo e Nestlé.
96% dos eleitores votaram “sim”
No dia oito de junho de 1989, a Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou, por unanimidade, a realização do plebiscito, a partir do qual a população de Motuca diria sim ou não a emancipação. O plebiscito foi realizado em cinco de novembro de 1989, organizado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Dos 1.163 eleitores que compareceram, 1.121 votaram a favor, ou seja, 96%; 30 contra, que representou apenas 2,5%. Foram contabilizado também 9 votos em branco e 3 nulos.
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