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Foto do escritorRedação

Mostra CORPO A CORPO entra em cartaz na programação do Sesc Araraquara


O mote da exposição é o uso do corpo como um instrumento de atuação social e política

Na próxima quarta-feira (17), às 20 horas, acontece no Sesc Araraquara a abertura da Mostra CORPO A CORPO: a disputa das imagens, da fotografia à transmissão ao vivo, itinerância da exposição realizada em 2017 pelo Instituto Moreira Salles. O mote da exposição é o uso do corpo como um instrumento de atuação social e política – seja pela presença física e simbólica nos espaços públicos, seja como campo de expressão da identidade. A exposição fica disponível para visitação até o dia 23 de junho. A entrada é gratuita.


Os artistas Bárbara Wagner, Jonathas de Andrade, Sofia Borges, Letícia Ramos e os coletivos Mídia Ninja e Garapa foram convidados a produzir trabalhos que tratassem das questões sociais que emergiram no Brasil nos últimos anos. As obras foram desenvolvidas em conjunto com o curador Thyago Nogueira, coordenador da área de fotografia contemporânea do IMS e editor da revista ZUM

Bárbara Wagner, brasiliense radicada no Recife, apresenta a obra À procura do 5º elemento, uma galeria da fama com alguns dos 300 garotos que participaram de um reality show para escolher o novo MC de uma famosa produtora de funk em São Paulo. Composto por fotografias e um vídeo com as apresentações, o trabalho retrata uma geração acostumada às selfies e às redes sociais, que sabe usar a pose e a performance de palco para falar de seus anseios e ascender socialmente.


Música e performance também aparecem no curta-metragem Terremoto santo, dirigido por Bárbara Wagner em colaboração com o artista alemão Benjamin de Burca. No filme musical gravado em Pernambuco, jovens cantores de música gospel encenam videoclipes com suas próprias composições, revelando aspectos sociais, econômicos e estéticos da prática pentecostal.


O alagoano Jonathas de Andrade, também radicado no Recife, exibe a instalação Eu, mestiço, obra baseada em uma pesquisa sobre raça e classe realizada no Brasil, nos anos 1950, pela Universidade de Columbia em parceira com a UNESCO. Com estranha metodologia, a pesquisa usava fotografias de pessoas com diferentes tons de pele como base de um questionário que pretendia avaliar quem parecia mais bonito, rico ou inteligente, entre outros atributos. No novo trabalho, Jonathas retrata pessoas de várias partes do país para expor e discutir os clichês da fotografia antropológica e da publicidade. O título faz referência a Eu, um negro, obra-prima do cineasta Jean Rouch.


O coletivo Mídia Ninja apresenta #Ao vivo, um arquivo de 90 transmissões ao vivo, na íntegra, feitas entre 2013 e 2017. A obra também permite que os mídia-ativistas transmitam ao vivo, nas salas expositivas, tudo o que estiverem cobrindo no país naquele momento. As transmissões oferecem um novo vocabulário visual, feito de imagens pixelizadas, locuções improvisadas e de duração variada, constituindo uma verdadeira contribuição estética e política.


A paulista Sofia Borges mostra a instalação A máscara, o gesto e o papel, resultado de uma viagem feita a Brasília em fevereiro de 2017 para fotografar o Congresso Nacional. Os quadros da instalação são compostos por duas faces: de um lado, mostram fotos de bocas extraídas das pinturas de ex-presidentes do Senado; de outro, gestos fotografados durante as sessões legislativas. Uma corda sustenta toda a instalação, que trata da atividade política e do sistema de pesos e contrapesos que caracteriza os jogos de poder no Brasil e no mundo.

Em A resistência do corpo, a gaúcha Letícia Ramos, radicada em São Paulo, testa as reações de um corpo diante de atividades ligadas às manifestações de rua, como o arremesso de objetos, o impacto de jatos d’água e a comunicação por celulares. A obra mostra como as imagens – algumas quase abstratas – podem servir como forma de opressão real ou simbólica.


A exposição também exibe o livro Postais para Charles Lynch, do coletivo Garapa. A partir do estudo de diversos vídeos de linchamentos brasileiros encontrados no YouTube, os integrantes do coletivo criaram um livro-manifesto, que reúne fotogramas manipulados, um roteiro de linchamento fictício e uma fita com todos os vídeos pesquisados.


Todos os artistas foram estimulados a explorar novos suportes e formas de instalação das obras, de maneira a envolver corporalmente o visitante. Ao longo da exposição, fotografias do século XIX, pertencentes ao acervo do IMS, lembram que algumas das questões sociais e visuais de hoje haviam sido delineadas há muitos anos. Com exceção de Terremoto Santo, todas as obras da mostra também pertencem ao acervo IMS.

Sobre os artistas:


Bárbara Wagner (DF, 1980): Seu projeto Mestre de cerimônias foi contemplado pela Bolsa de Fotografia ZUM/IMS (2015) e exibido na 32a Bienal de São Paulo (2016). O musical Terremoto santo foi selecionado para o Festival de Berlim.


Garapa: Coletivo formado em 2008 por Leo Caobelli (RS, 1980), Paulo Fehlauer (PR, 1982) e Rodrigo Marcondes (SP, 1979). Contemplados pela Bolsa de Fotografia ZUM/IMS (2014) com Postais para Charles Lynch.


Jonathas de Andrade (AL, 1982): Expôs no New Museum, NY (2017), no MoMA (2017) e na Bienal de São Paulo (2010 e 2016).


Letícia Ramos (RS, 1976): Participou de exposições no Tate Modern, Londres (2007), e no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2014). Em 2013, seu projeto Microfilme foi contemplado pela Bolsa de Fotografia ZUM/IMS.


Mídia NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação): Rede de ativistas fundada em 2013. Figura entre as maiores iniciativas de mídia independente da América Latina e do mundo.


Sofia Borges (SP, 1984): Desenvolve projeto para a Bolsa de Fotografia ZUM/IMS 2018, e está em cartaz na exposição New Photography 2018, do MoMA. É uma das curadoras da próxima Bienal de São Paulo.

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