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“Não tem preço que pague sua liberdade e sua saúde”, destaca jovem que largou o vício das drogas


“Com dois anos já tinha acesso a armas e isso foi me movimentando para o lado ruim, vendo meu pai mexendo com muita coisa errada”, revelou.

Ao iniciar sua palestra, Alex Pires Mazega, de 22 anos, optou por não seguir o roteiro que tinha previamente planejado. Para um público de estudantes da escola Adolpho Thomaz de Aquino, de Motuca, contou sem rodeios sua história de vida, cujo destino prenunciava um fim trágico, mas acabou se tornado um exemplo de superação.


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Desde criança estava envolto ao mundo do crime por influência do pai e de um tio. Quando nasceu, seu pai tinha saído recentemente a prisão e só foi conhecer o tio na cadeia.

“Com dois anos já tinha acesso a armas e isso foi me movimentando para o lado ruim, vendo meu pai mexendo com muita coisa errada”, revelou.

O envolvimento com a criminalidade impôs ao pai de Mazega uma morte prematura, no interior de uma prisão. Antes de morrer, no entanto, arrependido e refletindo seu sofrimento, pediu de joelhos ao filho para que não seguisse o mesmo caminho. “Ainda hoje carrego comigo esse peso, pois não consegui satisfazer esse desejo dele”, lamentou.


Com doze anos, Mazega começou a consumir drogas. Fumava maconha e cheirava cocaína demasiadamente. O vício prejudicou seu convívio familiar e social, bem como o rendimento escolar. Não demorou a dar um passo ainda mais perigoso: o tráfico de drogas. “Procurei saber como fabricar a cocaína e a cada virada ganhava R$ 3 mil, o que era muito dinheiro na época”, lembrou.


Flagrado aos dezesseis pela polícia com 30 gramas de cocaína, foi apreendido e encaminhado para cumprir pena de três meses de reclusão. Antes de ir para a antiga Febem, teve que aguardar vaga em uma unidade provisória de Jaboticabal. “Achei que era bandido, mas lá descobri que tinha pessoas piores que eu. Vivia constantemente com medo, pois era comum os assassinatos e ninguém podia garantir que eu não seria o próximo”, acentuou.


Assim que saiu da Febem, Mazega conheceu o PM Gilvan Rodrigues Florêncio, que na época trabalhava em Motuca, cujos conselhos fizeram com que mudasse sua forma de ver o mundo. “Ele foi um anjo que Deus colocou no meu caminho, pois começou a me lapidar e a me ajudar a fazer escolhas que melhorariam minha vida”, exaltou.


Mazega, então, largou o vício e o mundo do crime. “Se ainda estivesse como antes, acredito que não estaria vivo para ver o meu filho nascer”, relata ele, cuja esposa está grávida de quatro meses. Outros fatores contribuíram com sua recuperação. Passou a frequentar a Igreja do Evangelho Quadrangular, onde encontrou apoio espiritual, e a buscar seu espaço no mercado de trabalho.


Os adolescentes da escola Adolho Thomaz de Aquino ouviram atentamente suas palavras. A palestra foi realizada a partir de parceria entre a Estratégia Saúde da Família (ESF), da Secretaria de Saúde, a Polícia Militar (PM) e o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Motuca. “Não tem preço que pague sua liberdade e sua saúde”, falou aos jovens. “Não me vejo como um exemplo de vida, mas como uma pessoa normal que teve força de vontade”, concluiu.


Assista a íntegra da palestra:



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