Redação

15 de jun de 20212 min

Problema que se arrasta há anos, falta de médicos se agravou neste mês em Motuca

Secretário diz que remuneração de plantonistas em Motuca não é atrativa comparando com outros municípios da região

Um problema que se arrasta há anos e que ainda continua. E o pior, que pode custar vidas. Quem procurar um médico durante o dia em Motuca corre o risco de ficar sem atendimento. E neste mês o cenário se agravou. Nos dez primeiros dez dias, cinco tiveram a ausência de um profissional no período diurno. E a tendência é que isso volte a ocorrer ao menos até o retorno do médico da Estratégia Saúde da Família (ESF), que encontra-se atualmente afastado por motivo de férias.

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A moradora Vanessa Souza foi uma das que procuraram um médico no Centro de Saúde e não conseguiu o atendimento. “Meu neto de três anos estava com febre e quando chegamos lá fomos informados que não havia médico. Então o levamos para o 24h em Araraquara”, relata. De acordo com ela, esta não é a primeira vez que isto acontece.

A Secretaria de Saúde vem encontrando dificuldades em preencher a escala diária. “Está complicada a situação, pois a remuneração de plantonistas em Motuca não é atrativa comparando com outros municípios da região”, alega o secretário de saúde Márcio Aparecido Contarim. De acordo com ele, o município paga R$ 850 por plantão, enquanto a remuneração em cidades como Rincão e Guariba é quase o dobro do valor.

A situação é pior na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Fazenda Monte Alegre, onde a falta de um médico para atendimento aos moradores já está indo para o terceiro ano. Contarim diz que o município vem realizando seguidos processos de seleção, mas a iniciativa está sendo infrutífera pela falta de interesse dos profissionais.

Outro empecilho, de acordo com o Secretário, é um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelo município junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT-SP), que impede a contratação de médicos por meio de empresas terceirizadas. “Surgiu esta determinação sem nos orientar para uma solução”, argumenta.

Outro impedimento atual é a Lei Complementar 173/2020, criada durante a pandemia. De acordo com o texto, o governo federal, estados e municípios não podem aumentar rendimentos de servidores e agentes políticos até 31 de dezembro de 2021.

Contarim revela ter levado o problema aos vereadores em reunião realizada no ano passado no Conselho Municipal de Saúde. Uma das propostas do poder executivo para buscar resolvê-lo era aumentar o subsídio do prefeito, pois a Constituição Federal proíbe que qualquer servidor tenha remuneração maior que a do chefe do poder executivo.

Provocados pela administração municipal, a Mesa Diretora da Câmara da legislatura anterior chegou a apresentar no ano passado Projeto de Lei para majoração do valor não só do prefeito, como também do vice e dos secretários. A medida, no entanto, não chegou a ser votada. Em reunião para discutir a proposta, a maioria dos vereadores inclinou pela não aprovação de alteração nos valores. O principal argumento foi a crise ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19).