A moradora Maria Helena de Menezes Chaves, de 78 anos, faleceu na madrugada desta quarta (20). É a 4ª vítima da Covid-19 de Motuca. Ela é mãe de Fábio Chaves, candidato na eleição de 2020 à Prefeitura Municipal.
De acordo com Fábio, ela apresentou os primeiros sintomas na última quinta (14), quando foi realizado exame em um laboratório particular, cujo resulto deu negativo para a doença. “Na sexta ela teve uma piora e tivemos que levá-la ao posto de saúde, onde foi medicada e retornou para casa”, relata.
No dia seguinte (16) Maria Helena foi encaminhada novamente ao Centro Médico apresentando insuficiência respiratória e confusão mental. Com o agravamento do quadro e já com suspeita de Covid, o médico que a atendeu decidiu pela internação.
Após buscas de vagas na região, por volta das 7h de domingo (17), foi encaminhada ao Hospital Universitário de São Carlos, onde fez novamente exame e foi constatada a infecção por Covid. “Desde o primeiro dia esteve na UTI recebendo oxigênio.... não precisou ser entubada... na segunda seu quadro piorou e ontem teve uma insuficiência cardiorrespiratória e os médicos não conseguiram reanima-la”, lamentou Fábio.
Maria Helena fazia parte do grupo de risco para a Covid. Além de ser idosa, possuía diabetes e hipertensão. Uma filha e uma nora da filha estão em tratamento da doença. O sepultamento será realizado no Cemitério Municipal de Motuca, às 11h30, com os protocolos sanitários exigidos pelo Ministério da Saúde.
Sergipana, Maria Helena contou a história da vinda para Motuca com o marido em entrevista ao Cenário
Em janeiro de 2014, a Sergipana Maria Helena de Menezes Chaves relatou a história da vinda para Motuca juntamente com o marido na edição nº 61 do Cenário, em comemoração ao aniversário da cidade, quando foram entrevistados moradores de diferentes origens que formaram a sociedade Motuquense. Leia abaixo seu relato:
"Estou em Motuca há mais de 50 anos. Meu finado marido Zé Chaves, falecido em abril de 2013, foi o segundo sergipano a vir para Motuca para trabalhar na usina Santa Luiza. Antes dele, tinha vindo o Pedro D´Hora, que hoje mora em Matão. Depois de juntar um dinheirinho no primeiro ano aqui, acho que em 1960, meu marido mandou me buscar lá em Lagarto, no interior do estado. Morávamos em um sítio. Naquela época tinha sete filhos, do total de treze que viríamos a ter. Destes, três faleceram. Vim com todos em uma cansativa viagem de ônibus até a cidade de São Paulo. Lá encontrei o Zé e ele pagou um táxi até a estação da luz, onde pegaríamos o trem para Rincão. Depois viemos de ônibus para Motuca. Quando cheguei aqui estranhei o ambiente, muito diferente da minha cidade. Achava que iria morrer de frio, pois em Lagarto não tinha essa sensação. Comecei a trabalhar no corte de cana. Penei bastante, pois até então nunca tinha visto uma cana na minha vida. Em Lagarto eu trabalhava na lavoura de mandioca e fumo. A principal dificuldade que tivemos em Motuca foi a financeira. O dinheiro que eu e meu marido ganhávamos era insuficiente para manter a casa com dez filhos. Não chegamos a passar fome, mas tivemos situações difíceis. Porém, Motuca demonstrou ser um local com pessoas solidárias. Além da assistência social, muitos moradores ajudavam a gente. Gosto muito de Motuca. Quando viajo para outro lugar, mesmo que por poucos dias, fico com uma vontade imensa de voltar".
Fonte: Jornal Cenário 61 Edição. Janeiro de 2014
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