
Infelizmente, Motuca é ponto de abandono de muitos animais. Com frequência, vemos um novo rostinho andando pela cidade perdido, buscando comida. Ou até um velho conhecido, que foi deixado para trás na mudança.
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Geralmente, essa andança dura até encontrar pessoas que se solidarizem e o alimentem diariamente. E, ainda bem, sempre vemos potinhos com água nas calçadas da nossa cidade - sinal de que alguém o vê e se importa.
Hoje, conto de cabeça 18 cães abandonados na área urbana. Mas com toda a certeza, existem bem mais. Gatos então, nem se fala. É impossível medir, pois são ariscos e se escondem. Mas estimo mais de 100.
Além disso, os vira-latas adultos têm pouquíssimas chances de encontrarem um novo lar. Apesar de serem mais calmos, amorosos e obedientes (#timeadultos), as pessoas ainda preferem os filhotes.

Desse modo, acabam passando o resto de suas vidas nas ruas. Triste.
E, com tantos animais neste estado, a procriação é certa. Ou seja, a tendência é ter um número cada vez maior de peludos morando nas ruas.
Sujeitos a maus-tratos, atropelamento, fome, frio e crias indesejadas. Neste contexto, ainda temos falta de políticas públicas de controle de natalidade dos animais, principalmente estes que estamos falando.
O trabalho voluntário na proteção aos animais

Assim como em muitos lugares do Brasil, é a sociedade que se organiza para atuar em defesa dos animais abandonados. Em Motuca também é assim. Há vários anos, um grupo de voluntários vem tentando ajudar os bichinhos de rua, trabalhando com foco em castração, atendimentos veterinários e adoções.

Tentando. É isso mesmo. Isso porque esse grupo é composto por cinco, seis pessoas (chutando alto) que estão na linha de frente, no “corre” do dia a dia. Gente que trabalha, estuda, cuida da família e acha tempo para se dedicar a esse trabalho voluntário. E não exagero quando digo que quase diariamente há algo para ser feito. E isso inclui:
Levantar dinheiro para pagar as dívidas e as castrações de gatas (que é à vista), com recolhimento das doações mensais e campanhas de vendas;
Socorro de animais doentes, com ida ao veterinário em outra cidade e tratamento posterior;
Levar animais para castração em Matão ou Araraquara, nas clínicas parceiras;
Quando são gatas, montar gatoeira, esperar entrar, levar para castração, trazer de volta e fazer a recuperação, cuidando diariamente;
Fazer as adoções. Isso envolve: cuidar dos filhotes abandonados na rua diariamente, tirar fotos e postar em grupos da região, realizar as entrevistas e levar o bichinho para o novo lar, que geralmente são nas cidades vizinhas.
Escrevendo isso, percebo que fazemos muito, mesmo ajudando poucos de cada vez, mesmo não podendo socorrer todos. As nossas principais limitações hoje são três: dinheiro, gente e abrigo.
Dinheiro

Em relação a dinheiro, falta grana para pagar tudo o que é necessário. Atualmente, temos um carnê mensal em que 17 pessoas doam todos os meses, o quanto cada um pode. No total, são R$ 635 por mês, em média.
Esse valor é insuficiente para tudo, mas é a nossa base (obrigada, doadores). Quando fazemos dívidas nos nossos parceiros (Agroneto, Farmanina, Ceevet Araraquara, Clínica Cavichiolli Matão e Cantinho de São Francisco Araraquara), realizamos ações de venda de massa, pizza e rifas para não nos afundarmos em contas e poder continuar ajudando. E, graças a Deus, cada vez mais pessoas compram só para ajudar (obrigada, amigos).
E olha que nossos parceiros costumam cobrar mais barato, muitas vezes preço de custo, e marcar na nossa conta por meses. Além disso, há também a Bicho no Capricho, que dá banho, enfeita e tira fotos dos filhotes abandonados de graça. E a Clínica Veterinária Amigo Bicho, de Araraquara, que cobra apenas R$ 60, à vista, a castração de gatos.
Gente
Sobre gente, faltam pessoas para ajudar no dia a dia: levar no veterinário, dar lar temporário, cuidar diariamente durante o tratamento e/ou adoção, pegar gatas de rua para castrar, ajudar nas campanhas de venda, encontrar adotantes, levar os adotados até os novos lares etc. Com isso e a falta de dinheiro, não conseguimos atender todos ou demoramos mais tempo.
Por exemplo, hoje há 20 gatas de rua na fila para castrar. Geralmente, conseguimos levar até quatro por mês devido ao dinheiro (R$ 60 cada uma, fora ração e areia), disponibilidade para capturar, levar e cuidar e também porque as bichinhas são difíceis de pegar nas primeiras tentativas. Ou seja, só pra zerar essa lista atual, levaríamos cinco meses, no mínimo.
Outro exemplo é que foram abandonados 13 cães filhotes nos últimos três meses. Precisamos cuidar deles, divulgar bastante, fazer as entrevistas de adoção (só doamos para quem sentimos confiança que cuidará bem) e levar para os novos lares, em outras cidades. E isso demora muito. E olha que tivemos lar temporário para alguns deles e mais gente que ajudou.
Por outro lado, muitas pessoas alimentam os animais que estão na rua. O que é muito bom, pois não teríamos condições financeiras para isso.
Infelizmente, há muitos que querem passar o problema pra gente ao invés de auxiliar. Nós somos pessoas comuns da comunidade e que estamos tentando ajudar um pouco. Por isso, precisamos de todos nesta luta. Cada um dentro daquilo que pode oferecer, claro.
Abrigo
E por fim, falta um lugar para abrigarmos temporariamente animais doentes e filhotes abandonados. Gente como eu, por exemplo, já está na super lotação (rss) e não tem mais espaço para abrigar por alguns dias.
Então, quando há pedido de ajuda neste sentido, precisamos de apoio na tentativa de encontrar um lar temporário (o que é bem difícil aqui) e/ou ajuda para cuidar na rua mesmo, infelizmente.
Vale ressaltar que aqui falo de abrigo temporário, e não de canil.
Quase 100 animais ajudados em 2020
Apesar de tudo isso e da pandemia, conseguimos em 2020:
Socorrer 26 animais, entre atendimentos veterinários e tratamentos;
Encaminhar 31 animais para adoção;
Castrar 36 gatos;
Castrar 6 cachorras.
Nestes números, podem ter repetições. Por exemplo, ajudarmos mais de uma vez o mesmo animal e/ou ter castrado uma gata que foi para adoção depois. Chama atenção também a diferença entre castrações de gatas e cachorras. Isso se deve ao trabalha magnífico feito por anos pelo jornalista Jairo Falvo e a dona de casa Claudette de Mello Falvo, a Dete, que praticamente zerou o número de cadelas de rua sem castração.
A sensação que quase sempre temos é que estamos dando passos de formiguinha ou enxugando gelo. Mas, quando olhamos o resultado do ano todo, vemos o quanto conseguimos fazer.
Apesar disso, ficamos sobrecarregados e exaustos. E, neste ano, estamos tentando equilibrar melhor as demandas e contar com mais pessoas.
Para realizarmos tudo isso em 2020, nós gastamos R$ 10.559,00. Arrecadamos R$ 9.115,00, que veio do carnê (R$ 6.675,00), das campanhas de venda (R$ 2.360,00), das doações pontuais (R$ 80,00) e tínhamos R$ 1.461,00 de caixa e R$ 1.067,00 em dívidas no final de 2019. Agora, entramos 2021 com R$ 17 em caixa e R$ 799,85 em dívidas. E seguimos.
Ps.: Você pode conferir as prestações de contas de 2020 e 2021 comigo ou com o Jairo.
Você quer ajudar mais os animais abandonados?
Se você leu até aqui, é porque se importa com os bichinhos de rua. E, provavelmente, já deve alimentar algum, comprar nossas rifas e nossas massas.
Se quiser e puder ajudar mais, precisamos arrecadar mais dinheiro com o carnê e de gente no corre do dia a dia.
Com o carnê, você pode doar o valor que quiser. Nós temos doações a partir de R$ 5 atualmente. Pode parecer pouco, mas ajuda muito. É só olhar como pagamos a maior parte das contas ano passado. Pode falar comigo ou com um Jairo que nós levamos um carnezinho para você.
Se quiser ajudar nos corres, chama a gente também. É claro que não precisa ser em todos (e são muitos hein), mas se puder algumas vezes, agradecemos de coração.
Contatos: 16 99734 8189 (Gabriela) 16 99722 4608 (Jairo)
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