Já se passaram muitos e muitos anos e a casa ainda continua ali, embora modificada, com pintura nova, mas não se enganem, é mal assombrada.
Tudo aconteceu em meados do século 19, quando o proprietário do terreno decidiu que deveria realizar a construção, sem respeitar a lenda do local. Com o passar dos anos, as pessoas que por lá moraram notaram que algo estranho acontecia.
O local onde foi construída a casa era utilizado por peões que passavam por Motuca, no início do seu surgimento. Diz a lenda que ali era ponto de estouro de boiada e refugo de cavalo. Por mais que os peões se esforçassem, não conseguiam acalmar os animais.
Em certa ocasião, uma comitiva que havia saído de Cesário Lange, no interior de São Paulo, com destino a Barretos, passou pelo local e começou o alvoroço: cavalos e mulas empacaram e aconteceu o estouro da boiada. Nisso, uma criança, moradora de um sítio vizinho, como toda vez que passava a comitiva, surgiu no local para admirar os animais. Um dos peões, de nome Apolinário, sujeito grande e forte, vendo vários bois que corriam ferozes em direção da criança, resolveu salvá-la, com a ajuda de seu cão chamado Yuri, muito respeitado na lida de gado.
A iniciativa foi em vão e, além da criança, Apolinário e o cão acabaram morrendo pisoteados pelos bois. Diz a lenda que nenhum dos três aceitaram a maneira como foram mortos. Por isso, desde que a construção foi erguida eles aparecem em seu interior em forma de sombra. Quem já viu diz que existem dois vultos maiores, do peão e seu bravo cão, e um menor, certamente da criança.