Redação
31 de ago de 20181 min
Cecília Meireles ficou órfã muito cedo e essa experiência precoce com a morte acabou sendo traduzida em muitos aspectos de sua obra, como a eterna mudança das coisas, os lugares, as lembranças, a nostalgia e a brevidade do tempo. A genialidade da poeta é abordar tantos temas melancólicos com suavidade, envolvendo seu leitor sem aterrorizá-lo. Leia abaixo uma de suas belíssimas poesias:
Epigrama nº 2
És precária e veloz, Felicidade
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinastes aos homens que havia tempo
e, para te medir, se inventaram as horas.
Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.
Texto originalmente publicado na 20ª edição no Jornal Cenário. Acesse o acervo do periódico.